domingo, 20 de fevereiro de 2011

Se é para errar, então vamos errar logo!


A escola ensina desde os primeiros anos que não se deve errar. Se você erra, leva nota vermelha e se acerta, nota azul. Então, aos poucos a classe vai se dividindo entre os notas azuis, os notas vermelhas e os mesclados.

Fazer parte dos notas azuis significa estar com os conhecimentos em dia. É o resultado natural de quem estudou o suficiente todas as regras, cartilhas, notas e fórmulas que foram apresentadas.

Já os notas vermelhas têm duas classes: aqueles que estão pensando na pelada de domingo ou no capítulo anterior da novela favorita enquanto o professor passa uma nova matéria e os que tem dificuldade de acompanhar tantas informações. Às vezes por não entender que raios o teorema de Pitágoras pode ser útil no seu dia a dia, ou porque simplesmente estudar não é sua praia.

Ou seja, depois de anos de escola, todos assimilaram que quanto menos errar, melhor, pois terá notas melhores, e quem tem notas melhores terá mais chances de passar numa boa universidade, o que garantirá bons empregos.

Verdade?

Meia verdade.

O problema é que a vida real não segue essa lógica criada em determinado tempo por estudiosos da educação. A vida segue a lógica simples que existe na natureza e está presente em nossos instintos, enquanto crianças.

Quanto esforço uma mariposa não gasta até sair de seu casulo?

Quantas vezes a criança não cai até aprender a andar, e depois até aprender a correr, para enfim aprender a andar de bicicleta? E fica traumatizado com os tombos? Não.

Mas aí ela começa a crescer. Começa a ter medo de errar. Do julgamento que os outros farão dela. Até porque na escola está aprendendo que errando leva-se vermelho, e vermelho é reprovação, e reprovação é desclassificação. Fracasso.

Se todos aprendemos naturalmente a andar, porque tantos tem insegurança, medo (quando não fobia) de dirigir um carro? De aprender a nadar – principalmente quando o contato com a água acontece mais tarde, quando a mente já está influenciada pelo medo de errar?

O natural é errar. Errar várias vezes para acertar um. Errar sem porém perder o foco do objetivo a ser alcançado. Talvez alguém ainda se lembre de quando começou a aprender as primeiras letras, quando ainda não havia tanta pressão por notas A, B, C, D, E. A mão não obedecia direito, mas a diversão era continuar rabiscando até chegar próximo ou igual daquilo que a professora pedia. O mesmo acontecia com os primeiros cálculos, onde errar era uma boa oportunidade de tascar a borracha e apagar tudo – e como errar era prazeroso! Até acertarmos, fazermos a lógica mesmo sem ainda entender bem o que seria isso.

Sem stress nem “traumas”.

De maneira alguma estou fazendo apologia à preguiça que ocasiona o vermelho. Mas que o empreendedor aprendeu desde cedo a lidar com frustrações e a superar isso, sem carregar esse peso por toda sua vida, é que fez com ele se tornasse empresário. Entendeu suas limitações e desenvolveu-se em outras áreas. Negociar, vender, conquistar clientes, desenvolver projetos, reconstruir todo o planejamento depois que ele se mostrou ineficaz não são coisas que podemos estudar numa cartilha e sair aplicando em seguida.

Os notas azuis tem essa dificuldade, pois se adestraram a se dar bem quando não há perspectivas de erro. Basta apenas estudar e aplicar o que foi ensinado.

Mas a vida e os negócios não tem cartilha pronta. Os ensinamentos acontecem de acordo com nossas ações.

Quanto mais se erra, mais rápido se aprende. E quanto mais rápido aprender, mais acertos, mais ganhos, mais lucros.

3 comentários:

  1. Só para complementar, um pensamento de Carl Jung:

    "“A verdade sai do erro.
    Por isso nunca tive medo de errar,
    nem dele me arrependi seriamente”.

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  2. Que texto excepcional, sábias palavras Toshio. Sem dúvidas essa frase me acompanhará "Errar várias vezes para acertar um." afinal, o erro deve servir com uma lição, um aprendizado, e o acerto será uma consequência disso! Meus parabéns!!!

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    1. Olá, Renan, que bom saber que o texto pode lhe inspirar! Errar faz parte do processo, mas minimizar os riscos também é importante. Para isso, precisamos pesquisar, montar um bom Plano de Negócios, aprender com quem está num estágio acima e já passou pelos caminhos das pedras, que doem mais quando se inicia a trajetória empreendedora. Mas não se abater com os erros. Aliás, utilizar eles como as melhores tábuas de alavancagem possível! Abs!

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